terça-feira, 19 de julho de 2011

BSB GIRLS

         
           Um dos primeiros grupos do Brasil de breaking só com mulheres, o Bsb Girls, não para de crescer. Depois de viagens à Alemanha, Portugal e Argentina, o coletivo se prepara para mais um desafio, dessa vez na França. Em novembro, duas das 12 integrantes vão dançar no mundial Battle of the year, na categoria We Bgrilz. Porém, para chegar à “batalha do ano” não bastou vencer a seletiva sul-americana, disputada em junho, na capital paulista. Kelly Lima (Bgirl Kelly) e Louise Lucena (Low Easy) ainda precisam de patrocínio para chegar à Europa. “Já temos as passagens de ida e volta de São Paulo para Paris, mas ainda faltam os trechos de Brasília até São Paulo e o dinheiro para o translado e a alimentação”, revela Kelly. As dificuldades não desanimam Louise, que está muito ansiosa com a competição: “É um campeonato muito difícil, com dançarinas de altíssimo nível, do Japão, dos Estados Unidos, da Espanha, que vivem disso e, infelizmente, aqui no Brasil não podemos. Mas, estamos desenvolvendo um trabalho que está chegando ao nível delas, então, a expectativa é muito grande porque agora a disputa é de igual para igual”.

           O esforço e a dedicação da dupla é exemplo para Nayara Castro (NayBgirl), 18 anos. Moradora do Vale do Amanhecer, ela conheceu o grupo por meio de uma ONG que atua em Planaltina. “Eu nunca havia tido contato com o break. No começo tinha muita dificuldade, mas isso serviu como superação. Agora, levo esse exemplo para tudo na minha vida. Onde moro, as meninas ficam grávidas ou usam drogas e por causa da dança eu saí desse mundo”, revela a jovem, integrante do Bsb Girls há três anos.

         No último domingo, dia 10, o grupo promoveu o Batom Battle, o primeiro evento de breaking na América Latina só com mulheres. As batalhas, como são chamadas as competições entre duas dançarinas (ou dançarinos), reuniram garotas de vários estados brasileiros e encerraram o projeto Resiliência que, por oito meses, ofereceu oficinas de danças urbanas no Vale do Amanhecer, em Planaltina, e no Centro Educacional Setor Leste, no Plano Piloto. “Decidi fazer esse evento porque as pessoas ainda não prestigiam o break feminino, até mesmo fora do país. Na Alemanha, a apresentação aconteceu dentro de uma festa. A Batom Battle é uma maneira de mostrar que podemos estar à frente de algo grande”, comenta Fabiana Balduína (FaBGirl), uma das idealizadoras do grupo, sobre a importância da iniciativa.



A moda na pista

        Nas batalhas, os penteados, as roupas e os acessórios das Bgirls chamam a atenção. Casacos e cabelos coloridos, tênis de vários modelos, bonés e brincos dividem muito bem o espaço com os bermudões dos marmanjos. A paraibana Jéssica Andrade, 15 anos, dava aulas de street dance em Campina Grande quando conheceu o break e se encantou com a dança. “Quando você começa a viver o hip-hop, a roupa muda automaticamente. Para sair, uso salto alto, roupas mais justas, mas, quando danço, é fundamental ter um tênis confortável para aguentar os treinos, uma calça mais larga para não atrapalhar nos movimentos e uma camisa mais comprida, para não mostrar a barriga. Como dançamos com muitos homens é melhor usar algo que não chame tanto a atenção”, explica a jovem, mais conhecida como Pekena.

       Fora das pistas de dança, o mundo fashion também tem vez. A DJ Donna, presença garantida em bailes de rap no DF e em festas como Makossa e Batidão Sonoro, não esconde que tem um cuidado extra com o visual. “O hip-hop é mundo tão masculino que eu escolho minhas roupas e meu corte de cabelo a dedo. Eu entrei no rap há nove anos e vejo que as mulheres estão mais femininas. Hoje, elas usam roupas mais coladas, tem uma preocupação maior com a maquiagem e com os penteados. Nós conquistamos nosso espaço”, afirma


Língua hip-hop

Break
Dança típica hip-hop, que inclui alguns passos, como Top rock (movimentos com os pés), Foot works (giros sobre próprio corpo) e Freeze (o dançarino “congela” em uma posição específica e marca o fim do movimento). Também é conhecida como breaking e b-boying.

B-boyDiminutivo de break boys, os homens que praticam a dança.

B-girlA versão feminina dos b-boys.

BatalhaCompetição entre B-boys ou B-girls, para ver quem dança melhor.

CrewTurma de grafiteiros que se reúnem para grafitar juntos.

Grafite
Manifestação de arte com objetivo de transmitir uma mensagem, no geral, de protesto.

Hip- hopMovimento criado na década de 1970, nos Estados Unidos. O rap, o break e o grafite são alguns de seus pilares.

RapEm inglês, rythm and poetry (ritmo e poesia). É som que os DJs e rappers produzem.

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